Ernesto queria se perder de amor, mas era tanto trabalho; tanta responsabilidade; tanto trânsito; tanto escritório; tanta empreita; tanta rua; tanto carro; tanta gente; tanta comida; tanta carta; tanto e-mail; tanto recado; tanto chuveiro; tanta avenida; tanta procura; tanto semáforo; tanta casa; tanto trâmite; tanta pergunta; tanta queda; tanta perda; tanta resposta; tanta viagem; tanta novela; tanto café; tanta caneta; tanta parada; tanto embargo; tanta viela; tanto endereço; tanta cidade; tanta derrota; tanto correio; tanto chefe; tanta mulher; tanto senhor; tanta cilada; tanto filho; tanto edifício; tanto tanto que já no fim da tarde Ernesto se esquecia...
Ernesto. Somos tantos Ernestos, tantos.
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